Parecia até um filme de guerra. Aquela câmera orgânica - jargão muito usado por profissionais do meio - guiada pela ação do personagem em foco, um resgate audacioso dentro de uma cidade estranha e cercada pela milícia inimiga. Você ali, no contra-fogo, tentando sobreviver ao mesmo tempo que evita casualidades civis. Ghost Recon Future Soldier exige de você uma liderança impecável, furtividade e sangue frio.
Em um futuro não muito distante
A guerra evoluiu. E com ela, todo o maquinário. Sensores terrestres que marcam os inimigos, indicam suas localizações, tipos de armas e dão até a ficha pessoal de cada soldado, visores com informações em tempo real de tudo que é visto através deles, armas mais potentes e camuflagens que refletem a luz e o tornam quase invisível. Future Soldier coloca você no comando da tropa de elite Ghost - codinome Hunter, e sua missão é descobrir de quem era a bomba que aniquilou o esquadrão Ghost anterior, codinome Predator.
A primeira coisa a se notar em GRFS é o ritmo, bastante acelerado para um jogo tático de guerra. E isso não é ruim, pelo contrário, com todas as ordens que você recebe durante a fase, faz parecer realmente que a gente participa de um time e que nossas escolhas vão fazer a diferença no final da missão. A parte da inteligência artificial nunca errar o alvo e saber direitinho a direção de cada fase deixa as coisas um pouco fáceis demais, mas aí basta irmos para o co-op e encontrarmos inteligência humana na PSN disposta a jogar uma campanha multiplayer - que é mais do que recomendado.
A tendência hollywoodiana de explorar a ação sem limites é um charme nos videogames. Talvez seja o jeito mais fácil de prender um jogador, principalmente aquele que se entedia facilmente com tutoriais e explicações mais demoradas. E Future Soldier não tem muito o que explicar também. Você pode atirar em praticamente qualquer um que não seja do seu time, e quando não faz isso, marca os alvos para seus colegas.
Poder, no entanto, não é dever. Segundo o diretor criativo do game, Tommy Jacobs, "Se os Ghosts estão disparando tiros, metade do seu objetivo já falhou". Apesar do equipamento de ponta e de todas as vantagens em campo, o foco da equipe Ghost é evitar o confronto direto. Missões de resgate, infiltração, a eliminação de ditadoresou traficantes de armas, tudo requer sutileza. Entrar e sair sem ser notado, esse é o lema da equipe.
Além das armas, já poderosas o suficiente, você ainda pode controlar alguns drones de combate. Mini aircrafts que se transformam em carrinhos movido à controle remoto, com câmeras para investigar qualquer ambiente. No comando desses veículos mirins, você depende da cobertura dos seus companheiros, já que sua visão será focada apenas nas câmeras que esses drones carregam.
O sistema de cobertura, eficiente, não o torna invencível. À medida que as balas atingem a parede, você vai perdendo parte do seu esconderijo, tornando-se um alvo fácil caso não tome uma atitude. Novamente, a IA gera um probleminha básico de deixar tudo muito fácil, pois conseguem eliminar todas as ameças de um cenário sem que você precise fazer absolutamente nada (em alguns casos).
Faça você mesmo
O "grande atrativo" de Future Soldier, explorado sempre que o game era abordado em algum evento, é a possibilidade de criação de um arsenal próprio. Personalizar sua arma em qualquer detalhe que pudesse sofrer alguma alteração. Empunhadura, disparador, pressão, gatilho, mira, munição, pente, abafadores e silenciadores, qualquer coisa pode ser adaptada para uma melhor eficiência no seu manuseio. No PS3, o uso do PS Move deixa as coisas um pouquinho mais interessantes, mas é para os usuários de Xbox 360 que o bicho pega. A utilização do Kinect te coloca no futuro, com um ar meio que de Minority Report e aquela navegação aérea.
Essas armas personalizadas possuem um mercado virtual próprio para a sua divulgação. A comunidade online de Ghost Recon tem uma área específica para a troca de armas personalizadas por seus usuários. É meio parecido com o sistema de troca/venda de carros de Gran Turismo 5 (ou Forza 4), mas repleto de AK-47s, UZIs e rifles de precisão, cada qual com o ajuste que seus 'donos' acharam necessários.
Tanto a campanha principal como o multiplayer podem ser jogados com essas armas personalizadas. A ideia é que o usuário crie e distribua. O crie e se dê melhor em uma partida multiplayer, quem sabe. Quanto as peças, vale jogar o game sozinho e coletivamente, sempre em busca do destravamento total das peças que podem estar à sua disposição - e aqui temos aquele fator replay básico dos jogos de hoje em dia.
É lógico que isso é apenas uma parte (ínfima, na minha opinião) do que Future Soldier realmente é. Faz diferença? Faz. Faz MUITA diferença? Na real, não. Você aumenta o todas as estatísticas da sua arma, mas não se transforma numa máquina perfeita de matar. Você já é overpower o suficiente para precisar de mais um upgrade. É sério, como se camuflagem ótica, um esquadrão pontual, munição de sobra e tecnologia de ponta à sua disposição não fossem suficiente.
Chame os amigos, vai ter tiroteio
O multiplayer é dividido em quatro modos principais. Conflict, um tipo de Team Deathmatch com objetivos a serem cumpridos, Decoy, também em times, mas um pouco mais complicado. O objetivo é enganar o seu adversário, criando armadilhas em pontos específicos do cenário, Siege, estilo eliminação, mas uma vez vencido, não há respawn, e o Saboteur, outro tipo de jogo baseado em objetivos, no caso, a proteção e transporte de uma bomba.
O modo cooperativo serve tanto para as partidas no modo campanha quanto no survival tradicional, chamado de Guerrilla. É o mesmo da "Horda" clássica (que já era clássica antes mesmo de Gears of War 3), e você e seus amigos precisam se defender das ondas inimigas.
O bacana é que tudo gira em torno do trabalho em equipe. Esse é o mote principal de Future Soldier. É claro que você pode agir como um lobo solitário e acabar com todo mundo sozinho no multiplayer, mas qual a graça?
Ghost Recon: Future Soldier chegou como uma surpresa (pelo menos para mim), que esperava um jogo mais sério, focado na estratégia e numa ação mais realista. O fato dele não ser tão sério não o torna uma piada, pelo contrário, a ação em terceira pessoa, com partes sob trilhos super empolgantes, a mira em primeira pessoa para algumas ocasiões e o sistema de cobertura que pode ser destruído fazem dele um achado para o gênero.
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