terça-feira, 17 de julho de 2012

Sonic the Hedgehog 4: Episode II

Imagino que todo mundo, após atingir a fase adulta, seja, pelo menos, um pouco nostálgico. Independentemente de ter vivido uma infância boa ou ruim, creio que todos se identificavam com algo quando criança ou adolescente, e a chance de ter um novo contato com aquilo, mesmo que indiretamente, é o suficiente para nos envolvermos em um sentimento de nostalgia, daqueles que conforta e, ao mesmo tempo, desperta saudade. É uma sensação estranha, difícil de classificar como algo “agradável” apenas.
Sonic the Hedgehog 4 surgiu de uma forte onda de saudosismo da indústria de games, provavelmente despertada por Megaman 9, criado como se fosse um jogo do começo dos anos 90 para NES. E é fácil de entender o motivo desse movimento: crescemos jogando videogame nos anos 80 e 90 e, agora que somos adultos ocupados e sentimos saudade da nossa infância, queremos resgatá-la. Tenho a impressão que essa onda nostálgica dos games deu uma esfriada, até pelo fato de que simular as limitações visuais e sonoras dos consoles antigos deixou de ser novidade e acabou se consagrando como uma estética. Assim, reproduzir ideias e conceitos de antigamente apenas pelo apelo nostálgico parece apenas saudosismo barato. Sonic the Hedgehog 4: Episode II parece se encaixar aí.

Lembro que, mesmo não sendo um jogo muito bom, o primeiro episódio me impactou justamente por resgatar aquele Sonic de antigamente, que eu tanto amava durante minha infância. Sonic Generations, embora tivesse outra proposta, foi ainda melhor neste aspecto. Tão bom que, por mim, a Sega poderia, finalmente, começar a afastar o espírito nostálgico que tem acompanhado a série há alguns anos. Mas não.


Episode II é, basicamente, uma reprodução de um Sonic 2 alternativo, que nunca existiu. As fases são claramente inspiradas em cenários do que é, provavelmente, o episódio mais querido de toda a série: há um castelo em ruínas com áreas de baixo d'água (bem como em Aquatic Ruin), uma usina de petróleo no deserto (cof... Oil Ocean Zone, cof...), uma fortaleza voadora, com direito a um Sonic correndo sem sair do lugar sobre a nave de Tails (Wing Fortress, cuspida e escarrada), e por aí vai. Ao todo, são cinco mundos, com três fases cada. Somando com as fases bônus, segredos e o episódio extra do Metal Sonic para quem também possui o Episode I, é um pacote grande e variado, que pode lhe render boas horas de jogo.

Que fique claro: Episode II é melhor que o primeiro, inclusive nos controles e movimentação do Sonic. O reaproveitamento de ideias de Sonic 2, porém, acaba tornando tudo familiar demais, sem grandes surpresas. Mesmo as referências ao passado soam forçadas demais, sem aquele impacto positivo que foi Episode I (pelo fator “novidade) e Generations. Não se trata de um jogo ruim, de maneira alguma: é gostoso ver Sonic correndo como antigamente, principalmente se você gosta dos jogos do ouriço, enquanto Tails morre infinitamente tentando te acompanhar. A coisa funciona, ainda que nem sempre da forma mais elegante. O que falta em Sonic 4: Episode II é um charme próprio, uma identidade.

As músicas são uma tentativa de simular a trilha dos Sonics de antigamente, mas com temas pouco inspirados - com algumas exceções, como a fase da usina (ouça até seus ouvidos sangrarem). Essa inconsistência se espalha por todo o jogo: há fases muito bem planejadas e divertidas e outras completamente irritantes. O mesmo acontece com as fases bônus (aquela clássica dos túneis, muito bem refeita aqui), que começam fáceis e agradáveis e, de uma hora para a outra, se tornam impossíveis e imperdoáveis. No mais, Episode II traz muitos daqueles momentos desesperadores que tanto adoramos em Sonic, envolvendo água, areia, perseguição e algumas batalhas até que bem inventivas contra o Robotnik. Robotnik, viu Sega?
A habilidade de fazer Tails levantar voo carregando Sonic pelas mãos, que logo na primeira vez que apareceu em um jogo da série, em Sonic 3, já funcionava muito bem, é totalmente desengonçada. Pior ainda, talvez, seja o ataque conjunto que eu carinhosamente apelidei de “meia nove giratório”: Sonic e Tails, (a raposa macho de dois rabos, vale lembrar), em um momento de intimidade, se “encaixam” e viram uma bola, rolando em alta velocidade. A coisa é tão boa que você simplesmente perde o controle dos dois. Uma loucura.

O multiplayer cooperativo funciona muito bem, com uma câmera que se afasta para manter os dois jogadores em uma mesma área da tela e a possibilidade dos jogadores se “puxarem” de volta, de forma que não se afastem muito um do outro. É divertido, principalmente pelo fato de que agora Tails não é apenas mais um coajduvante de vidas infinitas.
O episódio Metal, que reaproveita a ideia da compatibilidade do cartucho de Sonic & Knuckles com Sonic 2 e 3, é bem menos empolgante do que parece. Basicamente, se você compra o Episode II já tendo o Episode I, você ganha uma fase extra para cada mundo do primeiro jogo, na qual você pode jogar com o Metal Sonic. É bacana para relembrar das fases de Episode I (imagino que isso não é de desejo de ninguém, mas tudo bem) e saber o que aconteceu com o rival de Sonic no final de Sonic CD (não que você se importe muito). Por fim, são alguns minutos no mínimo agradáveis de jogo, mas que não fazem muita diferença.
A verdade é que Episode II, embora seja um jogo decente, não é Sonic 2, se é que era isso que você esperava. Se puder conviver com isso (e com algumas fases irritantes), provavelmente terá bons momentos com ele.

Nota: 3 de 5

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