Isso ocorre porque o jogo foi inspirado no livro Heart of Darkness, do autor Joseph Conrad. Tal obra também inspirou Francis Coppola a produzir o premiado filme “Apocalypse Now”, e agora ela ajuda The Line a entregar uma campanha solo com duração média em torno de sete horas.
Especificações históricas e polêmicas de proibições à parte (o jogo foi proibido nos Emirados Árabes), será que Spec Ops: The Line consegue agradar? Vamos ver.
Aprovado
Propósito convincenteDubai foi engolida por uma grande tempestade de areia, o que a deixou completamente destruída. As ruínas ainda estavam frescas quando o Coronel americano John Konrad (em uma referência ao autor do livro) decide rejeitar as ordens que recebeu de seus superiores e permanecer na cidade para auxiliar os poucos sobreviventes do desastre.
Entretanto, o pelotão de Konrad desaparece completamente dos radares americanos, que chegam a considerar que todos os combatentes teriam sido abatidos em combate. Porém, seis semanas depois do ocorrido, uma rápida transmissão de rádio indica que o Coronel ainda pode estar vivo. Assim, o Capitão Martin Walker reúne dois companheiros de combate e parte para onde costumava ficar a cidade de Dubai, em busca do pelotão desaparecido.
O trio já percebe que há algo de errado na história logo que eles desembarcam nas ruínas da cidade destruída. Deste ponto em diante, o enredo vai se construindo de maneira misteriosa e interessante. Você sabe tanto sobre o que está acontecendo quanto o personagem central do jogo. Conforme você avança na campanha, mais detalhes muito relevantes vão sendo revelados, fazendo com que você não queira perder nem uma linha de diálogo nas CGs.
Com isso, a construção de cada personagem se mistura ao enredo principal, fazendo com que haja uma história menor (porém muito importante) dentro de outra maior. O game conta com uma carga de violência muito pesada durante a jogabilidade, mas a potência da história consegue amenizar essa questão e, de alguma maneira, tocar os jogadores quanto à relevância do objetivo que estão cumprindo (e com o que vão descobrindo no decorrer dos acontecimentos).
Arte estética
Spec Ops: The Line apresenta uma direção de arte brilhante. A arquitetura da cidade em ruínas contém edifícios extremamente altos, rodeados por outras construções monstruosas — tudo isso em meio a muita areia e paisagens desérticas. Os efeitos de iluminação aparecem com frequência, visto que não são raras as vezes em que tempestades de areia infestam a tela..
Para envolver o belo visual da obra, The Line apresenta uma trilha sonora de primeira qualidade. Inclusive, há “uma certa estação de rádio” cujo locutor fala diretamente com o trio de protagonistas (acredite, o enredo é muito interessante). Em determinados momentos há apenas o som ambiente, do vento carregando violentamente as partículas de areia — até caracterizar uma tempestade.
Em outras ocasiões, os próprios ambientes em que se está combatendo disponibilizam a trilha sonora. Em certo momento, a rádio está tocando “Hush”, da banda Deep Puple. Isso é empolgante para a jogatina, ao mesmo tempo em que agrega sentido à história.
Mecânica de jogatina
Durante a jogabilidade de The Line, há alguns pontos que merecem destaque. Quando você acerta a cabeça de seus inimigos, acontece um efeito de movimentação desacelerada do tempo, que permite que você tenha um ou dois segundos para mirar no próximo inimigo.
Outra possibilidade interessante é a destruição dos ambientes, que pode ser usada contra seus algozes.
Inteligência agressiva
Em The Line, há duas inteligências artificiais distintas: a dos seus dois companheiros e a dos inimigos. Para a alegria dos fãs de shooters bastante disputados, em ambos os casos a características responde muito bem, criando confrontos desafiadores e colegas confiáveis.
A agressividade é o ponto forte de seus contraventores, que não permitem que você fique estático atrás de uma única barreira. Eles atacam com armas diferenciadas, destroem instalações mais frágeis e obrigam que você mantenha o movimento. A última vez que eu vi uma IA tão boa foi no primeiro FEAR, no qual os inimigos davam a volta no cenário para cercar você.
Reprovado
Problema comumVocê chega até um cenário onde aparecem inimigos, encontra algum lugar para se esconder e atira nos soldados do outro lado até acabar com todos eles. Então, você e seus dois inseparáveis companheiros avançam até o próximo cenário, no qual aparecerão mais guerreiros atirando. Novamente, você continua acabando com eles para poder prosseguir até a próxima locação, na qual mais contraventores o atacarão e...
Controles estranhos
Ainda que a mecânica do jogo seja muito interessante, os controles de Spec Ops: The Line não são muito fluídos. Mesmo depois que você se acostuma com a jogabilidade, ainda há uma “estranheza” com a maneira de controlar seus personagens. No PC essa sensação é um pouco menor do que nos consoles.
"Apenas seguindo ordens"
The Line propõe que os jogadores tomem algumas decisões relacionadas a conflitos morais. No entanto, em nenhum momento o jogo fala em conceitos dialéticos, entre certo e errado. A maioria desses dilemas se passa em horas em que você precisa escolher qual inimigo você irá matar ou como vai fazer isso. Seja qual for sua decisão, o Capitão sempre reage dizendo que “tem que fazer o que é certo” ou “isso é preciso para um bem maior”. Em meio a um enredo tão legal, essas reações programadas ficam um pouco fora de contexto e acabam ganhando um destaque negativo.
Multiplayer desnecessário
A campanha individual de Spec Ops: The Line é tão interessante que deixa o modo multiplayer chato e desinteressante. A falta de objetividade é o principal fator que inibe a vontade de continuar jogando contra adversários reais. Em segundo lugar está a estranheza dos controles, que se torna muito mais pronunciada nesse modo de vários jogadores, chegando a atrapalhar a jogatina.
Vale a pena?
Spec Ops: The Line é um game de tiro em terceira pessoa que foge à regra das campanhas desinteressantes. Pelo contrário: o enredo é um dos principais atrativos do título. Aliada à intrigante história está a bela direção de arte, que entrega visuais que vão deixar os jogadores encantados.No entanto, a falta de um modo cooperativo é um defeito grave do game (que a Yager pretende corrigir com um lançamento de um DLC), e a repetição dos combates limitam a diversão de The Line. Mesmo que o nível de desafio seja bom, depois de algumas horas jogando certamente você vai querer fazer um intervalo e voltar a jogar depois.
Mesmo assim, vale a pena conferir o game e conhecer o intrigante enredo por trás do misterioso desaparecimento do Coronel John Konrad. Principalmente se você puder jogá-lo no PC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário